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sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Velejar Brasil - Dicas de ouro #3 - ventos de popa

  

Escola de Vela Oceano - Veleiro Escola Oceano VI - foto: Andreas Veleiro Atixba 


O próximo nível – ventos de popa

 

Por Marcelo Visintainer Lopes

Instrutor de Vela

Escola de Vela Oceano

 

Na postagem da quinta passada falei sobre aprender o básico para depois passar para o próximo nível.

Começar a velejar, mesmo em locais com pouco vento, para depois buscar experiência em ventos mais pesados (conforme os seus objetivos dentro da vela).

Ao adquirir conhecimento e domínio sobre as reações do seu barco você passa a administrá-lo com mais eficiência e segurança.

A postagem de hoje aborda o tema “ventos de popa”.

Enquanto os velejadores mais experientes optam sempre pelo popa, os menos experientes tendem a correr no sentido contrário.

A reação negativa é justificável, pois existem muitas histórias que tratam das reações descontroladas de um veleiro empopado.

O problema de ficar vendo e lendo coisas negativas são os bloqueios que você cria inconscientemente.

Eles só atrapalham a sua carreira de velejador e você sentirá medo de velejar assim.

Vai querer baixar a vela grande e seguir só de genoa!

Os ventos e mares de popa nos levam ao destino com mais facilidade e com menor esforço.

Velejar a favor do vento traz diversos benefícios para o barco e para a tripulação, tornando a vida a bordo bem menos complicada.

Podemos descansar, dormir, cozinhar, comer e realizar manutenções com muito mais tranquilidade.

Pêndulos são normais e controláveis, atravessadas estão dentro da normalidade e jibes involuntários podem e devem ser controlados (as exceções estão nas fortes tempestades e nos barcos que velejam com balão).

O conforto da velejada só dependerá das técnicas utilizadas pelo comandante.

A principal medida a ser tomada é melhorar a estabilidade lateral e para isto utilizamos a asa de pomba.

O pau de spi é utilizado nesta configuração e ele tem a função de manter a genoa aberta para o lado contrário da vela grande.

Para que ele cumpra sua função com maestria não devemos abrir mão do amantilho e do burro.

Eles impedem os movimentos de sobe e desce do punho da escota e isto acaba influenciando positivamente na estabilidade lateral.

Existe outra configuração de velas chamada de “asa de borboleta” que consiste em armar duas genoas para lados opostos.

Se o vento angular bem pela popa (popa rasa) o ideal é utilizar dois paus de spi.

Se houver só um pau de spi a bordo é aconselhável angular o vento pela alheta.

Assim a vela sem pau (a sotavento) permanecerá armada.

Muitos velejadores optam por baixar a vela grande e velejar só com as duas genoas.

Vale ressaltar a importância de amarrar a vela grande ou de utilizar sistemas de prevenção contra jibes involuntários.

Quando o vento de popa aumenta é comum que percamos a noção da velocidade do vento.

A melhor maneira de entender que o vento está aumentando é prestando muita atenção na velocidade do barco.

Se o barco acelerar é porque o vento aumentou!

Quando o vento aumenta o mar tende a crescer e isto exige que administremos o tamanho das velas e a velocidade do barco com mais cautela.

A vela grande deve ser rizada preferencialmente antes do vento aumentar ou logo no início do vento mais forte.

Esperar o vento aumentar muito poderá complicar a manobra e é por esta razão que os comandantes mais conservadores rizam antes do anoitecer, independente das condições.

Quanto mais vento e mais mar, mais perigosa vai ficando a manobra do rizo.

O risco está na ida do tripulante até o mastro para executar a fixação do punho no gancho do garlindéu.

Tenho observado sistemas inteligentes de rizo que dispensam a ida do tripulante ao mastro.

Tudo é feito nas catracas do convés e na segurança do cock-pit.

Se as adriças do lazyjack também fossem controladas da cabine este sistema seria imbatível.

O problema é que a maioria das adriças são presas no mastro.

Seria uma boa saída desviar as adriças do lazy para o convés.

Minha fala em relação ao lazyjack é que ele esconde tudo o que ocorre junto à retranca.

Cabo de rizo torcido ou preso, ponto de amarração do rizo na retranca muito a vante, vela amassada ou mascada, regulagem de tensão do cabo do rizo e até mesmo pequenos rasgos não poderão ser vistos se a capa estiver adriçada.

A primeira coisa que ensino no passo a passo do rizo é arriar o lado de barlavento do lazyjack.

Passando para a genoa...

Ela possui a grande vantagem de poder ser enrolada a qualquer momento e é justamente no vento de popa que é mais fácil (menor pressão) de diminuir o seu tamanho.

Com vento forte é mais eficiente (equilíbrio lateral) utilizar a vela grande rizada e asa de pomba com a genoa reduzida (tamanho de uma buja de tempestade ou menor).

Se o vento apertar ainda mais (muito forte) você poderá optar por velejar com uma só vela.

A vela grande quase não produz esforços estruturais se comparada à genoa.

Ela está totalmente estaiada junto com o mastro, enquanto a genoa está fixada somente por dois pontos.

Por estar presa somente no estai de proa a genoa produz fortes solavancos que atingem toda a mastreação e também outros pontos do casco.

Fixações, pinos, contra pinos, roscas e parafusos também tendem a sofrer muito desgaste por causa destes movimentos bruscos.

Sendo assim é aconselhável retirar a genoa e velejar só com a grande bem rizada.

Se você não conseguir rizar a vela grande veleje com a genoa bem enrolada e cace o estai de popa para diminuir as oscilações do estai de proa.

Por diversas vezes eu já velejei a favor do vento sem nenhuma vela em cima.

Quando o vento aumenta muito a melhor coisa a fazer é poupar as velas.

Coloco o vento bem pela popa e já era (obviamente não pode haver obstáculos a sotavento)!

Todas as partes do barco (casco, cabine, capotaria, mastro, estaiamento) produzem o “efeito vela”.

Para quem está preocupado com a manobrabilidade, o leme funciona normalmente e a velocidade do barco pode facilmente ultrapassar os 4 nós (com ventos acima de 20 nós).

Bom velejada de popa e se a coisa apertar me chama no whatsapp!


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quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Dicas de Ouro #2 - O mar calmo e o bom marinheriro

 


Escola de Vela Oceano VI - barra de Rio Grande
Curso avançado de mar aberto

O mar calmo e o bom marinheiro

  

Por Marcelo Visintainer Lopes

Instrutor de Vela – Escola de Vela Oceano

 

Qual a sua opinião em relação ao dito popular “mar calmo nunca fez bom marinheiro”?

Verdade ou exagero?

Mas afinal, o que é ser um bom marinheiro?

O bom marinheiro é um cara “safo”.

A minha tradução de safo é a pessoa que é desenrolada, confiante, experta, ligeira, eficaz, proativa e experiente.

Como um marinheiro poderá adquirir tantos adjetivos se não tiver experiências reais de tempo ruim?

Como poderá se tornar um velejador confiante sem nunca ter encarado uma dificuldade?

É por essas e por outras que eu sempre recomendo que você as pessoas procurem se aperfeiçoar em condições mais severas, velejando em locais com vento de verdade.

Veleiros pequenos velejam com qualquer brisa e o mais importante para aprender a velejar (o básico) é que a gente tenha respostas do leme.

Se o seu objetivo é permanecer velejando por toda a vida no lago da barragem, ok.

Se você quiser ir além e realizar velejadas mais longas no mar, daí eu sugiro que você avance de fase.

O próximo nível é adquirir experiência técnica para controlar um veleiro em condições de ventos mais fortes e de mar aberto.

Búzios, Ilhabela e Florianópolis são bons exemplos de locais onde esta experiência poderá ser adquirida.

Nas primeiras velejadas com onda e vento de verdade você vai sentir alguma dificuldade em manter o barco sob controle, mas com o passar das horas os controles vão melhorando.

O veleiro possui diversos recursos e regulagens para condições severas, mas se você não aprender a utilizá-los será a mesma coisa que comprar o último modelo de aparelho celular e só usar o Whatsapp.

Utilizar recursos com sabedoria significa menos quebras e consequentemente menos custos variáveis.

As quebras normalmente ocorrem por erro humano, seja por falta de manutenção preventiva ou pela má gestão dos esforços.

Veleiros gostam de ser bem tratados e nem todos foram construídos para levar porrada o tempo inteiro.

É por sito que digo que tão importante como aprender o que fazer é aprender “o que não fazer”.

Devemos entender como a máquina funciona e para quais condições ela foi concebida.

Devemos aprender a fazer a coisa certa na hora certa e não a coisa errada na hora errada.

Esta frase se aplica integralmente ao ambiente do veleiro e todas as nossas ações devem ser direcionadas a cumprir este objetivo.

Devemos antecipar as estratégias em relação à meteorologia que está por vir, pois além de evitar incidentes com material e tripulação, estaremos poupando a energia vital do barco.

A estrutura do veleiro (aquilo que não podemos enxergar) sofrerá menos danos mecânicos se conseguirmos determinar o equipamento ideal e a melhor forma de timonear.

Uma inocente arribada de poucos graus na condição errada de vento e mar produzirá diversos efeitos de fadiga no casco, leme, mastreação, velas e até na sua tripulação.

Adquirir conhecimento suficiente para enfrentar situações duras não é uma opção do comandante e sim uma obrigação.

“Navegar é uma atividade que não convém aos impostores. Em muitas profissões, podemos iludir os outros e blefar com toda a impunidade. Em um barco, sabe-se ou não. Azar daqueles que querem se enganar. O oceano não tem piedade.

Eric Tabarly

 

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terça-feira, 25 de agosto de 2020

Energia a bordo do veleiro

 

Imagem: Escola de Vela oceano Florianópolis


Baterias & Veleiros

Energia a bordo

 

Por Marcelo Visintainer Lopes

Escola de Vela Oceano

 

Virou o arranque e não tinha ninguém em casa?

Quem nunca?

Baterias comuns costumam durar muitos anos, mas não são eternas.

Se derem de algum tipo de aviso, aproveite e coloque novas.

Nem pense em dar uma esticadinha na sua vida útil, pois deixarão você na mão mais uma vez.

Se o aviso for precoce (bateria ainda nova) é muito provável que o problema esteja no alternador.

Não substitua a bateria. Chame um técnico ou retire o alternador e leve-o até uma oficina.

O banco de baterias do veleiro deve ser dimensionado para dar conta de todos os instrumentos e equipamentos nas 24 horas do dia (com no mínimo 100% de sobra).

O consumo médio varia muito de veleiro para veleiro, mas vou exemplificar com valores entre 10Ah e 15Ah (ampères-hora).

 

- 10Ah x 24h = 240A - O tamanho mínimo do banco será 480A.

- 15Ah x 24h = 360A - O tamanho mínimo do banco será 720A.

 

Veleiros com motor de centro produzem sua energia através do alternador.

Ele também é responsável por carregar as baterias, mas é importante ressaltar que a forma “rápida” com que carrega, eleva a temperatura interna e deteriora prematuramente as placas.

Pensando nisto, somado ao desgaste do motor e no consumo de combustíveis fósseis é que devemos buscar outras formas alternativas de geração de energia.

Geradores eólicos conseguem produzir quase toda a nossa energia do dia, mas dependem do ângulo e da velocidade do vento para cumprir essa tarefa.

Os hidrogeradores estão no topo da lista de eficiência energética, porém com um custo bem superior se comparado com as placas solares.

Embora não gerem energia limpa os geradores auxiliares (diesel e gasolina) dão um excelente suporte na geração de energia para equipamentos de grande consumo.

Alguns modelos possuem carregador de bateria integrado e os demais necessitam de um carregador ligado a ele.

Em dias nublados e chuvosos as placas diminuem em até 90% sua eficiência, assim como os geradores eólicos nas zonas de calmaria.

É por esta razão que os geradores auxiliares e o alternador do motor se tornam imprescindíveis.

Quando pensamos no tipo ideal de bateria para compor o nosso banco, devemos levar em conta a utilização do veleiro.

Seu barco é do tipo que veleja bastante ou fica mais tempo parado?

Esta informação determina a escolha pelas baterias comuns (automotivas) ou pelas estacionárias.

As baterias comuns são mais baratas e a sua vida útil é muito interessante.

A dica para aumentar a sua vida útil é não deixar baixar mais do que mais que 10% da sua carga total. Elas não foram desenvolvidas para perder muita carga como as baterias estacionárias.

Outro detalhe importantíssimo é que elas foram criadas para situações de constante movimento, propiciando a mistura dos líquidos internos (água e ácido).

Com os constantes movimentos do veleiro, o ambiente de mistura destes líquidos se aproxima muito dos automóveis, o que acaba sendo benéfico.

Barcos que ficam parados por longos períodos produzem um efeito de separação da água e do ácido.

O mesmo serve para barcos que velejam em águas muito abrigadas e sem ondas.

Este efeito faz com que a bateria perca a capacidade de gerar picos de energia para o arranque e também leva à degradação prematura.

Embora as baterias estacionárias possuam um ciclo de vida maior, a composição de seus líquidos internos foi desenvolvida para que fiquem imóveis.

Seus líquidos ficam presos entre mantas de microfibra de vidro e o efeito de separação dos líquidos é reduzido.

As estacionárias podem perder até 80% da sua carga sem prejuízo na vida útil e isto é uma grande vantagem em ralação às automotivas. 

Se o seu barco permanece longos períodos parado, não possui fontes alternativas de energia ou veleja em águas lisas, a bateria estacionária pode ser vantajosa.

Se o tema ajudou você, comenta aí!

Ficou confuso?

Me chama que eu explico melhor!


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segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Dicas de Ouro #1

  


COMUNICAÇÃO EFICAZ X PREVENÇÃO


Por Marcelo Visintainer Lopes

Instrutor de Vela - Escola de Vela Oceano

 

Sabe aquele cliente de charter que liga todos os instrumentos e depois abre os seus armários para ver o que tem dentro?

E o cunhado que gosta de ir (sem perguntar se pode) até a proa fazer fotos?

O que dizer do meu sobrinho que só usa a gaiuta de proa para entrar e sair do barco?

O tema de hoje está relacionado ao compromisso do comandante em garantir a segurança de todos.

A comunicação eficaz serve justamente para evitar que coisas desse tipo aconteçam sem o seu total conhecimento e consentimento.

Uma conversa objetiva e bem conduzida será capaz de reduzir a quase zero o risco de acidentes e também os prejuízos materiais.

Ela deverá ocorrer logo após o embarque, antes mesmo das pessoas começarem a colocar suas coisas em qualquer lugar.

Muito cuidado antes de começar!

Existe uma grande diferença entre o comandante zeloso e profissional e o chato de plantão. A diferença está apenas na forma como você se coloca.

Por vezes o comandante prefere o silêncio a passar por chato, mas esta não é uma estratégia segura.

Seja no passeio com a família ou em um charter, a responsabilidade com a segurança é a mesma.

O charter deve ter regras bem definidas (preferencialmente em um site), garantindo que o contratante conheça seus direitos e deveres antes de efetuar a reserva.

O que ocorre com muita frequência é que o contratante não repassa aos seus convidados as normas contidas no site e por isto temos a responsabilidade de brifar tudo antes da partida.

Mesmo que você tenha dado todas as dicas é importantíssimo que acompanhe cada movimento a bordo, sem distrações (um olho no gato outro no peixe).

Ninguém tem obrigação de entrar no veleiro sabendo de tudo e por isto mesmo devemos relaxar com as manias.

Algumas coisas que fogem do controle podem realmente incomodar, mas boa parte delas poderiam passar batidas se não fosse a nossa chatice.

A dica é: controle suas manias e deixe a velejada fluir sem grilos bobos.

A comunicação gentil e bem educada é uma obrigação!

Não devemos insistir em grosserias, pois assim descobriremos rapidamente o significado da palavra “insurgência”.

No passado, os oficiais da Marinha Mercante tratavam muito mal seus marinheiros.

Eles morriam de medo de ser empurrados na água e por isto nunca davam chance para o azar.

Conheço bem este tema, pois na minha adolescência eu viajei para a Europa em um navio de carga.

Não embarquei como marinheiro e sim como convidado do gabinete do Ministro dos Transportes.

O Brasil possuía uma autarquia de navegação - Lloyd Brasileiro (fundada em 1894) que contava com uma frota de mais de cem navios que percorriam a Europa, o extremo oriente e os EUA.

Meu camarote ficava ao lado do camarote do comandante e no refeitório, devido às distinções do Ministério, eu também ocupava a cadeira ao seu lado.

Obs. Em outro momento conto como tive esta oportunidade.

Durante as refeições eu me ocupava com as histórias e dicas sobre os cinco países da nossa rota (Alemanha Oriental, Alemanha Ocidental, Bélgica, Holanda e França), mas as histórias que mais me encantavam eram relacionadas aos marinheiros.

O comandante comentava que não era seguro caminhar no convés, pois eles eram muito traiçoeiros.

Do meu camarote eu observava a manutenção diária da ferrugem no convés e não conseguia acreditar que aqueles trabalhadores eram tão maus assim.

Resolvi descer e conhecer as rotinas da tripulação e logo fiquei sabendo que o líder dos marinheiros era gaúcho (como eu) e que torcia para o meu time.

Pronto, eu já tinha carta branca também no convés.

Aproveitava o bom relacionamento com as duas tripulações (oficiais e marinheiros) para ouvir histórias incríveis.

Fiquei três meses embarcado e pude aprender muita coisa sobre “gestão de pessoas”.

Tirei minhas próprias conclusões e entendi que o medo dos oficiais tinha total fundamento, pois os marinheiros eram realmente perigosos.

Não porque eram bandidos e sim por causa das pesadas e constantes humilhações sofridas.

Por sorte esta parte da história da navegação brasileira está ficando para trás com a renovação dos comandantes.

Hoje em dia ele procuram realizar o seu trabalho de gestão valorizando todos os membros da tripulação por igual.


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terça-feira, 11 de agosto de 2020

Quem veleja tem história #1

 

Veleiro Escola Oceano (Delta 32' à epoca)


Travessias x tripulação

 

Por Marcelo Visintainer Lopes

Instrutor de Vela       

Escola de Vela Oceano

 

Comandantes estão acostumados a lidar com situações desafiadoras por longos períodos e por isto acabam desenvolvendo um modo preventivo de agir.

Sua experiência os ajuda a “ver” o perigo antes dele se aproximar.

São conservadores e seu instinto de sobrevivência é apurado.

Calculam o risco e a consequência antes de pensar no benefício.

Resiliência é a sua principal característica e por isto possui grande facilidade para mudar de rumo e colocar o barco em uma condição mais favorável em relação às condições do mar.

A arte de combinar o melhor equilíbrio do barco, o menor desgaste do equipamento e o conforto da tripulação é uma boa indicação da quantidade de milhas que ele já percorreu.

Seu maior desafio é encontrar solução para os problemas comportamentais dos membros da sua tripulação.

Reparar uma vela rasgada é bem mais simples do que administrar “conflitos” e este será o tema de hoje.

No ano de 2006 contratei dois amigos velejadores da Ilha da Tatuoca – PE para transladar um Delta 32’ de Recife até Ilhabela.

Os dois tinham as características marinheiras que eu precisava e também a educação e a simpatia necessárias para um período mais longo de confinamento.

A notícia da travessia se espalhou rápido e um terceiro tripulante pediu para embarcar.

Um cara a mais para tocar o leme de um veleiro sem piloto automático seria muito bem-vindo.

Ele era amigo e tinha as mesmas características dos demais, porém não era velejador e sua experiência com o mar vinha da pesca artesanal.

Faltando alguns dias para a partida, comecei a ter “pressentimentos estranhos” em relação a ele e achei que seria melhor convencê-lo a desistir.

Eu não tinha nada de concreto para dizer a ele. Eram apenas pressentimentos que não o convenciam.

Até o dia do embarque e, mesmo após o embarque eu continuava tentando...

Saímos do Cabanga no final da tarde e fundeamos em frente ao Pernambuco Iate Clube (dentro da barra) para o jantar.

Eu estava bastante desconfortável com aquele sentimento e até o meu estômago dava sinais...

Ancorei a menos de 50 metros do PIC e não hesitei em fazer a última tentativa, já em tom de voz mais grave: rapaz ainda dá tempo para desembarcar ali naquele pier!

Você pega um ônibus e volta para casa...

Eu já havia explicado e ele que a nossa primeira parada seria em Búzios e que o trecho de mil milhas poderia durar de 6 a 8 dias.

Ele também sabia que o barco não tinha motor de centro. Contávamos somente com um 15Hp de popa para eventuais calmarias.

Imune aos meus argumentos, parecia estar super convicto da sua decisão.

Ok. Suspendemos o ferro logo após o jantar e começamos a velejar.

Logo na saída da barra pudemos contemplar a beleza das luzes da Praia da Boa Viagem e à medida que nos afastamos da costa e como era de se esperar, as luzes foram sumindo.

Estava tudo ótimo até o terceiro tripulante (o mesmo dos pressentimentos) perceber que as luzes haviam desaparecido.

Ele começou a gritar: a luz, a luz, onde tá a luz?

Ele ficou completamente desorientado e muito perturbado emocionalmente.

Quando percebi sua angústia liguei a luz de cortesia para tentar acalmá-lo, mas de nada adiantou.

Liguei todas as luzes da cabine e nada...

Tentamos confortá-lo de todas as formas, mas o descontrole tomou conta, fazendo-o sofrer intensamente de uma fobia que ainda não conseguíamos identificar.

Minha esperança era ele voltar ao normal ao ver o dia amanhecer.

Logo que amanheceu percebemos que o problema não era a falta de luz e sim a falta de terra.

Já tínhamos o laudo psiquiátrico: fobia de terra...

Eu nem sabia que isso existia!

Fazer o que naquela situação com um tripulante chorando dia e noite?

A próxima terra a ser avistada seria no Arquipélago de Abrolhos que estava a uns cinco dias de viagem.

Como só chorava e balbuciava, eu tinha receio dele tentar fazer alguma bobagem e por isto nunca o deixávamos sozinho fora da cabine.

A cada dia que passava o ambiente ficava mais tenso e com cara de filme de suspense.

No final da tarde do segundo ou terceiro dia (não me recordo) o vento começou a aumentar muito rapidamente e as ondas também.

Baixamos primeiro a vela grande, que dava sinais de que iria explodir na altura da tala do tope e em seguida a genoa.

Com as velas bem amarradas e o leme também, entramos para dentro da cabine e tentamos descansar.

O barco derivava ao sabor das ondas e do vento e não havia nada melhor para fazer naquele momento.

O vento era tão forte que qualquer tentativa de colocar uma vela de tempestade poderia causar um acidente grave.

Seria melhor derivar sem nenhum prejuízo (estávamos a mais de 200km da costa) do que correr o risco de perder um tripulante ou desmastrear o barco.

A noite foi de mar enorme e o vento passava dos 40kt.

Ao amanhecer o vento baixou e conseguimos colocar a genoa.

A vela grande havia rasgado e subiria mais tarde, após os reparos.

Já próximos de Abrolhos, mas ainda fora do alcance visual, consegui contato com o pessoal do IBAMA e os convenci a desembarcar o tripulante.

Arrumaram uma carona com um barco de mergulho e a alegria tomou conta da tripulação, exceto do tripulante que ainda estava em crise.

Quando entramos na distância visual do arquipélago o jovem parou de chorar e começou a rir como uma criança.

A fobia de falta visual de terra havia passado!

Fundeamos na ilha principal e em seguida o bote do resgate chegou para buscá-lo.

O bote chegou, nos despedimos e ele partiu.

No decorrer daquela manhã as nuvens começaram a se dissipar e o sol, que não aparecia há muitos dias, brilhou todos os dias até o final da viagem.

A nuvem escura finalmente havia saído de cima de nós!

O astral mudou da água para o vinho e a alegria tomou conta do barco.

Os ventos de popa nos carregaram nos braços até Búzios e depois de um descanso rumamos para Ilhabela, onde realizamos a entrega do barco.


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