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Prof. Marcelo Visintainer Lopes

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Escola de Vela Oceânica Floripa - cuidado com o conteúdo que você acessa!

  

Cuidado com o conteúdo que você acessa!

 

Por Marcelo Visintainer Lopes

Instrutor de Vela

Escola de Vela Oceano


Escola de Vela Oceano - professor Marcelo Lopes

 

Um dos principais desafios do educador moderno é conseguir atender as diferentes necessidades da sua sala de aula.

Cada pessoa possui uma maneira diferente de aprender e não há como esperar que todos absorvam os conteúdos com a mesma facilidade.

Quando percebo dificuldades de compreensão procuro adequar com rapidez a minha linguagem.

Lidamos também com diferentes tipos de padrões mentais, inclusive com traumas de infância (afogamento e naufrágio) e outros travamentos que dificultam o processo de aprendizagem.

As dificuldades surgem no momento da realização das tarefas, principalmente quando o aluno se sente sob pressão.

Escolhi o tema de hoje para relatar as mudanças de comportamento que tenho percebido nos últimos anos e que estão mudando totalmente os padrões de aprendizado.

Se percebo resistência ao pronunciar determinados nomes técnicos, minhas orelhas já ficam em pé.

Continuo falando e sigo analisando o comportamento dos alunos na sequência da explicação.

Identifico o problema e passo a realizar perguntas que me fornecem a chave de acesso aos bloqueios mentais (normalmente medo e pânico).

Os bloqueios tem relação direta com alguma coisa que a pessoa ouviu por aí...

Tenho medo do jaibe, usar asa de pomba é perigoso, usar o pau de spinnaker desequilibra o barco etc.

Tenho ouvido tanta coisa absurda que fico espantado!

Ouvir histórias mal sucedidas trava sua mente e produz um enorme prejuízo ao aprendizado.

Minha nova missão de profissional da educação deixou de ser apenas proporcionar conhecimento e prática.

Agora é preciso desbloquear o chip!

Estou bastante satisfeito com os resultados dos recursos que tenho utilizado para inverter o quadro mental e resignificar o medo.

O mais incrível é que descobri que a maioria destes bloqueios aparecem depois que a pessoa começou a assistir canais de vela.

Pasmem!

Para quem não tem nenhuma experiência é impossível separar conteúdos bons e ruins.

Seu cérebro acredita em tudo que você assiste e depois registra que as coisas ruins devem ser evitadas a qualquer custo.

Esta atitude é a proteção natural da sua mente e é justamente isto que limita seus resultados práticos de aprendizado.

Se você está interessado em evoluir rápido e busca uma curva de aprendizado genial, assista pessoas que apresentem resultados concretos.

“O inteligente aprende com os próprios erros e o SÁBIO APRENDE COM OS ERROS DOS OUTROS”.

Minha intenção com esta postagem é justamente chamar sua atenção para o conteúdo que você está assistindo!

Com tanta informação útil e relevante disponível hoje em dia é inaceitável que você perca anos e anos da sua vida assistindo coisas que não fazem o menor sentido.

Desejo que você evolua tecnicamente no menor espaço de tempo possível, porém sem sofrimento.

Eu conheço todos os caminhos e dedico todo o meu tempo para encurtar e suavizar o seu.

Conte sempre comigo!




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quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Quem veleja tem história #3

 Escola de Vela Oceano Florianópolis

Quem veleja tem história #3
Sobre o desencalhe do veleiro francês na Ilha de Santo Aleixo - PE


Escola de Vela Oceano - Quem veleja tem história #3


Por Marcelo Visintainer Lopes

Instrutor de Vela      

Escola de Vela Oceano

  

Travessia Recife – Salvador.

Eu e alunos (formados e formandos).

  

Sairemos do Recife amanhã logo após o café (ao amanhecer).

As primeiras 24 horas serão de puro desconforto e por esta razão peço atenção redobrada para a alimentação e atitudes em geral.

Preparem-se para o contravento e para uma grande agitação marítima!

Evitem entrar na cabine para pegar bobagens e deixem na mão tudo o que forem precisar de mais imediato (protetor, fotografia, casaco, boné).

Esta foi a fala inicial...

Antes de iniciar qualquer travessia (não importa a distância) eu sempre abordo os temas segurança, alimentação, bons hábitos e consumo de álcool.

O veleiro encontrava-se fundeado dentro da barra para uma noite de ambientação. Preparei o jantar e avisei que iria descansar, mas antes pedi encarecidamente que todos dormissem cedo.

Algo me dizia que não iria rolar... Estavam muito eufóricos com a travessia.

Recém haviam embarcado e eu sabia que a ansiedade não deixaria ninguém descansar direito.

Boa alimentação, uma boa noite de sono, ambientação ao balanço e a não ingestão de álcool são as melhores coisas que a gente pode fazer antes de iniciar uma velejada em mar aberto.

Embora eu sempre aconselhe o melhor, às vezes não funciona!

Acham que é exagero meu e pagam para ver na prática.

Minha principal recomendação/preocupação foi em relação ao álcool.

Muita gente leva combustível extra escondido nas malas... kkkkk

Bebidas alcóolicas causam enjôo com mais facilidade e a previsão do mar agitado poderia ser fatal para o estômago.

Deitei e dormi reto até o amanhecer.

Durante a noite eu não percebi nada de diferente (nenhum barulho e nenhum comportamento inadequado), mas quando acordei para preparar o café da manhã me deparei com “algumas” garrafas vazias (destilados) dentro da pia.

Logo pensei: FFF (aquele palavrão feio).

Olhei para os lados e não vi tripulantes dormindo; vi apenas corpos jogados pelos cantos...

Beleza, eu bem que avisei!

Agora tenho o direito de tocar o terror mesmo!!

Gritei: o café já está servido e em seguida partiremos!

Assim que viramos a barra e o barco começou a subir de proa nas ondas, notei as caras de pavor (estômagos de pavor).

O primeiro candidato desceu rapidamente ao banheiro com alguma desculpa esfarrapada e quando voltou os demais começaram a cair em sequência.

Resultado: desmaiados e amontoados no cock-pit e eu sem tripulação!

Cruzei pelo Cabo de Santo Agostinho e pelo Porto de Suape sem nenhuma pretensão de parar, mesmo sabendo que abrigo, comida e aquecimento seriam as melhores medicações.

Como eu estava P da vida com o descumprimento das orientações, fiz valer o planejamento inicial de não realizar paradas.

Eu tinha outra tripulação completa para embarcar em Salvador e não queria me atrasar.

As condições seriam mais favoráveis a partir do segundo dia e eu sabia que mais cedo ou mais trade eles melhorariam.

O problema é que eu estava bem cansado com mais de 10 horas de cockpit e o disjuntor estava querendo cair.

A região possui muita atividade pesqueira e qualquer descuido poderia me levar para cima de uma rede ou de uma embarcação.

Decidi buscar um local para descansar.

Ao sul de Porto de Galinhas (7 milhas) existe uma ilha chamada Santo Aleixo.

Ela está localizada em frente à foz do Rio Sirinhaém, no município de mesmo nome.

A ilha oferecia o abrigo que eu necessitava, porém não havia resolução suficiente na carta náutica para realizar a aproximação.

Fui seguindo o rumo das águas de tom azul mais escuro, que são as mais profundas, já que dava para perceber bem o contraste entre os tons de azul mais claro.

Consegui abrigar e escolher um bom ponto de ancoragem sem maiores problemas.

As ondas desapareceram e o mar ficou bem calmo.

Com aquela calmaria toda meus tripulantes foram voltando à vida como ursinhos acordando... Kkkkk.

Fui para a cozinha preparar o jantar de recuperação e a galera se motivou a dar um mergulho.

Ficaram ali pela popa relaxando e decidiram nadar até a ilha que estava a uns 200 metros.

Percebi que eles chegaram exaustos na praia e decidi aproximar o barco para facilitar o retorno.

Lancei o ferro uns 50 metros mais próximo e esperei que retornassem.

Enquanto eu os esperava notei que a quilha deu uma tocadinha em algo mais duro do que areia e gritei para acelerar o retorno.

Com todos a bordo, comecei a suspender o ferro e ao iniciar o deslocamento a vante percebi que a quilha estava acomodada entre pedras.

Não ia nem para frente e nem para trás.

Só havia uma solução mais rápida e eficaz: adernar pela adriça e rebocar.

Logo que fundeamos eu vi a presença de barcos de pesca fundeados bem próximos à praia e pensei em pedir ajuda a eles.

Nadei até a ilha e acionei dois barcos que prontamente se colocaram à minha disposição.

Dois barcos trabalhando em sincronia produziriam o efeito que eu desejava e com esforço zero.

Peguei carona com um deles e fomos até o veleiro.

Expliquei aos dois como seria feita a manobra e após o entendimento demos início ao desencalhe.

Pela adriça do balão (e mais 50m de cabo extra), coloquei um dos barcos pelo través de boreste.

O outro barco aguardava com um cabo de reboque amarrado na minha proa.

Ok. Todos prontos?

Ao meu comando: barco de boreste marcha a vante lentamente e barco de proa aguardar.

Coloquei os tripulantes no mesmo bordo para ajudar na adernação e quando a borda começou a tocar na água, dei comando para o barco de proa: a vante lentamente.

Deixei claro para toda a tripulação que a manobra seria uma verdadeira aula de desencalhe e uma excelente oportunidade para aprender o que fazer em situações como aquela.

Se o fundo fosse de areia bastaria utilizar o próprio peso da tripulação, mas aquele caso era diferente.

Se houvesse só um barco de reboque eu o teria colocado no través e dali adernaria e puxaria para fora da pedra ao mesmo tempo.

Uma âncora levada bem longe pela proa faria o mesmo papel do segundo barco, bastando apenas iniciar a puxada pela catraca após a adernação ocorrer.

Encalhes em fundos de areia ou lama são relativamente fáceis de sair, já que não estamos preocupados em arrastar a quilha no fundo.

Em fundos mistos de areia e pedra (que era o caso) ou em fundos só de pedra ou coral, todo o cuidado e zelo com o barco é pouco!

Em menos de um minuto o barco estava solto e com a quilha intacta.

A cena mais engraçada da manobra foi quando eu estava lançando a adriça do balão para o menino do barco de boreste.

Quando eu descrevi a manobra e ele percebeu o tamanho da responsabilidade, ele gritou: arrume uma pessoa mais experiente!

Aquela frase de receio, combinada como pitoresco sotaque do nordeste foram a cereja do bolo da manobra.

Eu o tranquilizei dizendo: calma, eu vou ajudar você na manobra.

Fique tranquilo!

Foi muito divertido (sem sarcasmo) ver a ansiedade daquele jovem pescador frente a uma ação daquelas.

Era a primeira vez que ele fazia aquilo e com certeza ficou com medo de quebrar o mastro, sei lá...

Este tipo de manobra deve ser feita pela adriça que fica na altura do estai de proa.

Se a mastreação é ao tope, qualquer adriça serve, tanto do grande como genoa ou balão.

Quando a mastreação é fracionada devemos usar a adriça do balão ou da genoa, pois do contrário a ponta do mastro pode torcer ou quebrar.

Isto quer dizer que não devemos utilizar a adriça do grande!

Nunca esqueça deste detalhe!

Para o nosso deleite e comentários futuros o episódio ficou conhecido como “O Encalhe do Veleiro Francês”!



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Velejar em Floripa - Dicas de Ouro #4 - O planejamento da melhor rota

 Escola de Vela Oceano Florianópolis

O planejamento da melhor rota

 

Por Marcelo Visintainer Lopes

Instrutor de Vela



Escola de Vela Oceano - banner Dicas de Ouro #4

 

Na segunda-feira (21 set) teve início mais um módulo do curso de vela oceânica - M4 (Personal Sailing).

O curso é realizado em dois dias consecutivos com pernoite a bordo (20 horas de prática).

Embora eu inicie a avaliação das condições uma semana antes da saída, a decisão final do destino ocorre minutos antes da partida, após reunião com os tripulantes.

Minha primeira opção sempre é a volta da ilha e a segunda é a região de Porto Belo.

Analisando os modelos e levando em conta os objetivos do curso e também dos contratantes, decidimos velejar para Porto Belo.

O bacana deste destino é que existem diversas opções de abrigo pelo caminho.

Ganchos, Zimbros, Ilha do Macuco (Amendoim) e até mesmo Bombinhas servem de apoio para a travessia.

Com o passar das horas podemos perceber que nem sempre o plano A será o melhor para encarar as condições impostas pelo mar e por isto é importante que tenhamos outros pontos de apoio.

Diversas vezes eu transformei o plano A em outras letras do alfabeto.

A resiliência é uma das bagagens mais importantes na vida de uma velejador!

É normal que ocorra mudança de plano e não há nenhum problema em não alcançar o destino planejado.

No caso específico desta velejada de dois dias, seguir a favor do vento e das ondas foi a nossa opção.

Na ordem das minhas preferências eu prefiro pegar mar a favor na ida e na volta (nem sempre isto é possível).

Minha segunda preferência é pegar condição contrária no primeiro dia e favorável no retorno.

A terceira é velejar a favor no primeiro dia e voltar contra o vento no segundo dia (desde que as condições sejam mais confortáveis).

Analisando a opção de “volta da ilha” entendi que a previsão de vento do segundo dia não era favorável para empurrar o barco pelo lado de fora da ilha, ainda mais com o tamanho de ondulação prevista (2 a 2,5m).

Para o barco andar para frente com mar de popa, o vento deve soprar de moderado a forte, pois do contrário as velas ficam batendo forte de um lado para o outro sem nenhuma pressão e o barco balança sem parar.

A previsão do primeiro dia era de ventos de 15 a 21 kt e no segundo o mar e o vento diminuiriam.

Embora o período estivesse bem alto a ondulação de vento não estava alinhada com o swell primário, produzindo uma ondinha “atravessada” de meio metro.

A volta (terça) seria de contravento, mas eu já havia previsto um retorno tranquilo.

Tudo saiu dentro da previsão e a velejada com o mar mais alinhado foi bem bacana.

Se a previsão estivesse indicando ventos fortes para a volta, com certeza o nosso planejamento não seria este, mesmo com apenas um dia de velejada contra.

Falando em travessias prolongadas:

O impacto constante das ondas sacrifica o casco, a mastreação e também a tripulação.

A adernação do contravento e os movimentos de subida e queda brusca nas ondas dificultam as atividades essenciais a bordo e também diminui o número de beliches úteis.

Se o objetivo estiver bem contra o vento, a velejada envolverá múltiplas cambadas e o tempo de travessia poderá facilmente dobrar ou triplicar, ainda mais se houver correnteza contrária.

É normal ocorrer também a perda na qualidade da alimentação, ainda mais se não houver um cozinheiro ninja a bordo.

A tripulação vai se virando com ovos cozidos, biscoitos, frutas e sanduiches e este tipo de alimento não cumpre as funções de esquentar o corpo e gerar prazer.

O alimento quente é entendido como uma recompensa e a sua produção é essencial para manter a moral da tripulação.

Com a ajuda do forno e de uma panela de pressão, o cozinheiro ninja encara o desafio de cozinhar aos solavancos.

Por estas e por outras é que as velejadas a favor do vento são mais aconselhadas para quem deseja realizar uma viagem dos sonhos.

Existem algumas exceções para um comandante optar por realizar uma travessia contra o vento:

1. Dias de mar calmo, com vento moderado e constante e com um rumo que leve direto ou próximo ao destino.

Com estas condições de mar (se a corrente não for contrária), o barco desenvolverá uma boa velocidade real.

Navegar em um bordo só, direto ao destino e com o mar nestas condições, pode se transformar na “velejada da vida”.

Esta é a mais pura verdade, principalmente no calor do verão.

Neste caso, o vento aparente funciona como um ventilador ligado, fazendo com que a sensação de calor diminua.

2. Quando não houver outra opção por causa de agenda...

Data marcada para chegada, tripulantes com passagem marcada etc.

3. Locais onde a predominância do vento é sempre contra.

Daí realmente não existe outra maneira!

Velejar no contravento às vezes não é tão ruim, mas a ansiedade pode levar o comandante a tomar a decisão errada.

Se der para esperar pela mudança do vento, espere!

Se der para cancelar a missão, cancele!

Se não der para esperar, procure tripulantes que possam ajudar de verdade!

Estude friamente a possibilidade de enviar o barco de outra maneira.

Lá no sul é muito comum o pessoal optar pelo transporte de caminhão para não ter que sair pela barra de Rio Grande.

Planejamento e bom senso!

Tem um ditado na vela que diz: é melhor se arrepender de não ter ido do que se arrepender de estar lá!

A sensação de que “teria sido bom” é bem melhor do que o arrependimento de estar no lugar errado na hora errada.

 

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Volta ao mundo de veleiro - experiência compartilhada Escola de Vela Oceano apresenta:

 Travessia Oceânica em Florianópolis

A Escola de Vela apresenta a segunda edição da travessia com Flávio Jardim e Marcelo Lopes.

Uma oportunidade única de descobrir o que está por trás das grandes navegações.

As melhores rotas, os melhores barcos, as melhores épocas do ano e muito mais...

 

Escola de Vela Oceano - banner da travessia oceânica de dezembro


Imperdível!

Florianópolis – 2ª edição nos dias 11, 12 e 13 de dezembro.

O recordista do Guiness Flávio Jardim e o instrutor de vela Marcelo Lopes dividindo suas experiências náuticas a bordo de uma travessia oceânica.

Flávio é o brasileiro mais jovem a completar uma volta ao mundo de veleiro!

Serão três dias de muita história e compartilhamento de experiências.

Mais de 100 milhas entre Garopaba (limite sul) e Itajaí (limite norte).

As inscrições já estão abertas e incluem apostila, pernoites a bordo e alimentação completa.

Corre lá no whatsapp e reserva já a sua vaga, pois serão somente 4 (quatro) os felizardos da vez!!

48 988113123 – Marcelo Lopes



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sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Velejar Brasil - Dicas de ouro #3 - ventos de popa

  

Escola de Vela Oceano - Veleiro Escola Oceano VI - foto: Andreas Veleiro Atixba 


O próximo nível – ventos de popa

 

Por Marcelo Visintainer Lopes

Instrutor de Vela

Escola de Vela Oceano

 

Na postagem da quinta passada falei sobre aprender o básico para depois passar para o próximo nível.

Começar a velejar, mesmo em locais com pouco vento, para depois buscar experiência em ventos mais pesados (conforme os seus objetivos dentro da vela).

Ao adquirir conhecimento e domínio sobre as reações do seu barco você passa a administrá-lo com mais eficiência e segurança.

A postagem de hoje aborda o tema “ventos de popa”.

Enquanto os velejadores mais experientes optam sempre pelo popa, os menos experientes tendem a correr no sentido contrário.

A reação negativa é justificável, pois existem muitas histórias que tratam das reações descontroladas de um veleiro empopado.

O problema de ficar vendo e lendo coisas negativas são os bloqueios que você cria inconscientemente.

Eles só atrapalham a sua carreira de velejador e você sentirá medo de velejar assim.

Vai querer baixar a vela grande e seguir só de genoa!

Os ventos e mares de popa nos levam ao destino com mais facilidade e com menor esforço.

Velejar a favor do vento traz diversos benefícios para o barco e para a tripulação, tornando a vida a bordo bem menos complicada.

Podemos descansar, dormir, cozinhar, comer e realizar manutenções com muito mais tranquilidade.

Pêndulos são normais e controláveis, atravessadas estão dentro da normalidade e jibes involuntários podem e devem ser controlados (as exceções estão nas fortes tempestades e nos barcos que velejam com balão).

O conforto da velejada só dependerá das técnicas utilizadas pelo comandante.

A principal medida a ser tomada é melhorar a estabilidade lateral e para isto utilizamos a asa de pomba.

O pau de spi é utilizado nesta configuração e ele tem a função de manter a genoa aberta para o lado contrário da vela grande.

Para que ele cumpra sua função com maestria não devemos abrir mão do amantilho e do burro.

Eles impedem os movimentos de sobe e desce do punho da escota e isto acaba influenciando positivamente na estabilidade lateral.

Existe outra configuração de velas chamada de “asa de borboleta” que consiste em armar duas genoas para lados opostos.

Se o vento angular bem pela popa (popa rasa) o ideal é utilizar dois paus de spi.

Se houver só um pau de spi a bordo é aconselhável angular o vento pela alheta.

Assim a vela sem pau (a sotavento) permanecerá armada.

Muitos velejadores optam por baixar a vela grande e velejar só com as duas genoas.

Vale ressaltar a importância de amarrar a vela grande ou de utilizar sistemas de prevenção contra jibes involuntários.

Quando o vento de popa aumenta é comum que percamos a noção da velocidade do vento.

A melhor maneira de entender que o vento está aumentando é prestando muita atenção na velocidade do barco.

Se o barco acelerar é porque o vento aumentou!

Quando o vento aumenta o mar tende a crescer e isto exige que administremos o tamanho das velas e a velocidade do barco com mais cautela.

A vela grande deve ser rizada preferencialmente antes do vento aumentar ou logo no início do vento mais forte.

Esperar o vento aumentar muito poderá complicar a manobra e é por esta razão que os comandantes mais conservadores rizam antes do anoitecer, independente das condições.

Quanto mais vento e mais mar, mais perigosa vai ficando a manobra do rizo.

O risco está na ida do tripulante até o mastro para executar a fixação do punho no gancho do garlindéu.

Tenho observado sistemas inteligentes de rizo que dispensam a ida do tripulante ao mastro.

Tudo é feito nas catracas do convés e na segurança do cock-pit.

Se as adriças do lazyjack também fossem controladas da cabine este sistema seria imbatível.

O problema é que a maioria das adriças são presas no mastro.

Seria uma boa saída desviar as adriças do lazy para o convés.

Minha fala em relação ao lazyjack é que ele esconde tudo o que ocorre junto à retranca.

Cabo de rizo torcido ou preso, ponto de amarração do rizo na retranca muito a vante, vela amassada ou mascada, regulagem de tensão do cabo do rizo e até mesmo pequenos rasgos não poderão ser vistos se a capa estiver adriçada.

A primeira coisa que ensino no passo a passo do rizo é arriar o lado de barlavento do lazyjack.

Passando para a genoa...

Ela possui a grande vantagem de poder ser enrolada a qualquer momento e é justamente no vento de popa que é mais fácil (menor pressão) de diminuir o seu tamanho.

Com vento forte é mais eficiente (equilíbrio lateral) utilizar a vela grande rizada e asa de pomba com a genoa reduzida (tamanho de uma buja de tempestade ou menor).

Se o vento apertar ainda mais (muito forte) você poderá optar por velejar com uma só vela.

A vela grande quase não produz esforços estruturais se comparada à genoa.

Ela está totalmente estaiada junto com o mastro, enquanto a genoa está fixada somente por dois pontos.

Por estar presa somente no estai de proa a genoa produz fortes solavancos que atingem toda a mastreação e também outros pontos do casco.

Fixações, pinos, contra pinos, roscas e parafusos também tendem a sofrer muito desgaste por causa destes movimentos bruscos.

Sendo assim é aconselhável retirar a genoa e velejar só com a grande bem rizada.

Se você não conseguir rizar a vela grande veleje com a genoa bem enrolada e cace o estai de popa para diminuir as oscilações do estai de proa.

Por diversas vezes eu já velejei a favor do vento sem nenhuma vela em cima.

Quando o vento aumenta muito a melhor coisa a fazer é poupar as velas.

Coloco o vento bem pela popa e já era (obviamente não pode haver obstáculos a sotavento)!

Todas as partes do barco (casco, cabine, capotaria, mastro, estaiamento) produzem o “efeito vela”.

Para quem está preocupado com a manobrabilidade, o leme funciona normalmente e a velocidade do barco pode facilmente ultrapassar os 4 nós (com ventos acima de 20 nós).

Bom velejada de popa e se a coisa apertar me chama no whatsapp!


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