Por Marcelo Visintainer Lopes
Escola de Vela Oceano
Cuidados com o convés.
Água salgada, água doce, acumulação de sal, sol, excesso de carga orgânica na água, chuva ácida, orvalho contendo poluentes, produtos de limpeza impróprios, abrasivos, uso de ferramentas inadequadas, areia no calçado, protetor solar…
Embora a lista de depreciantes seja bem extensa, pequenos cuidados ajudarão a reduzir o desgaste.
O convés e o cockpit são áreas de maior exposição e é justamente onde o gel apresenta maior desgaste.
Os barcos novos e de qualidade reconhecida não sofrem tanto, pois o material utilizado na composição do gelcoat isoftálico apresenta boa resistência à abrasão, ao intemperismo e à absorção de água.
Além disto apresentam camada com boa espessura, o que permite futuras renovações.
Os barcos mais antigos sofrem mais nos quisitos intemperismo, amarelecimento e absorção de água.
O gel ortoftálico utilizado no passado não possuia resistência satisfatória em quase nenhum quisito básico.
Não há muito o que fazer quando o gel do barco antigo se entrega.
É por isto que vemo tantos barcos antigos sendo pintados pintados.
É muito raro encontrar um barco no gel original e ainda em boas condições.
O segredo para a conservação do gel é o carinho.
O convés deve ser lavado com água doce sempre que possível.
O ideal seria joagar uma água por cima todos os dias.
Este procedimento é muito comum nas marinas com pier e água abundante.
A ideia da água é remover o sal e os resíduos de sujeira, ainda mais quando o local de guarda apresentar baixos índices de chuva e orvalho com poluentes.
Se não for possível ter acesso à água doce, a água do mar será o plano B.
Baldes de água salgada são menos prejudiciais no convés do que os agentes químicos contidos na chuva chuva ácida e no orvalho de algumas regiões mais poluídas.
As partes com antiderrapante podem ser lavadas com detergente neutro e com a utilização de escova ou vassoura.
O lava jato é uma opção bem bacana já que dispensa a escovação.
O único senão é o convés pintado.
Devemos tomar muito cuidado, pois a pressão poderá remover tintas, principalmente se foram aplicadas no antiderrapante.
As partes lisas (fora do antiderrapante) podem ser limpas com a ajuda de esponja ou pano.
Nunca utilize o lado verde das esponjas (lado abrasivo).
Uma distração poderá riscar partes nobres do barco.
O convés e o cockpit também sofrem muito com a circulação de pessoas.
Existem muitos tipos de solas de sapato que guardam areia e por ito é tão impostante o controle logo na entrada.
Tapetes e panos úmidos ajudam, mas mesmo assim uma boa batida e uma segunda revisão são necessárias para manter a segurança do gel.
Outro fator de atenção é o protetor solar.
O protetor reage com o gel e causa uma mancha bege/amarelada.
Já testei diversos produtos e o único com ação imediata na remoção é a cera de polimento (abrasiva).
Recomendo a utilização de protetores solares de óxido de zinco ou de óxido de titânio.
Eles não reagem com o gelcoat e não acidificam a água do mar (os corais agradecem demais).
Se a utilização dos filtros químicos for inevitável lave as mãos imediatamente após a aplicação e evite o contato das demais partes aplicadas com o gelcoat.
Proteção e renovação do gel
A aplicação de cera ajuda a protegê-lo.
A cera fecha o poro do gel mais antigo e cria uma camada protetora com brilho e com boa durabilidade.
Se o gel foi originalmente aplicado com a camada padrão, mesmo depois de passados alguns anos é possível deixá-lo com cara de novo.
O processo é feito com lixas e polimento.
As lixas utilizadas são muito, muito finas e vão ficando cada vez mais finas ao longo do processo.
A ideia é chegar na camadinha logo abaixo da camada superior desgastada.
As lixas finas retiram todos os riscos e preparam para o futuro polimento.
Bons ventos!
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